Tim Gunn faz uma revelação ao público, mas todo mundo já sabia

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Tim Gunn, respeitado pelo seu trabalho como consultor de moda e mentor do Project Runway, escreveu uma carta aberta ao Washington Post sobre o mercado. Intitulada “Designers se recusam a fazer roupas que vestem a mulher norte-americana. É uma desgraça”, ele fala sobre a falta de representatividade na moda e como isso afeta a auto estima feminina, fazendo a mulher ir em busca de atingir padrões inalcançáveis.

Eu amo a moda norte-americana, mas ela tem muitos problemas, e um deles é a forma como ela virou as costas para as mulheres plus-size”, disse Tim. “A mulher norte-americana comum veste tamanhos entre 44 e 46, segundo uma pesquisa da Universidade de Washington. Existem mais de 100 milhões de mulheres plus-size nos Estados Unidos e, pelos últimos 3 anos, elas aumentaram o seu poder de compra mais rápido do que as demais. Mesmo assim, muitos designers, pingando desdém, com falta de imaginação ou muito covardes para se arriscar, ainda se recusam a fazer roupas para elas”.

A discussão não é nova. Vamos voltar há exatos 10 anos, quando, em uma cena do O Diabo Veste Prada, Nigel fala sobre como o tamanho 6 tornou-se o novo 14 no país. Esses padrões que são impostos a todos nós nos faz ir atrás de soluções que possam nos tornar mais magras e, na ideia fechada e cruel dessa indústria multibilionária que fatura milhões diminuindo nossa auto estima, ficar ‘mais bonita’. Isso não é debatido explicitamente no filme, mas a produção faz questão de mostrar esse lado mais real e o poder que a moda acaba tendo sob nós.

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Tim ainda aponta um fato que é importante ser discutido. Saindo das passarelas e indo para as lojas, produtos para mulheres plus-size são mínimos. Segundo ele, apenas 8,5% dos vestidos oferecidos na Nordstrom em maio deste ano vinham em um tamanho plus-size. Já na J.C Penney, o número é de 16% e no e-commerce da Nike, o total era de cinco peças de roupa. Não chegou nem ao menos em 5%, foram apenas 5 peças de roupa. Apenas.

“Você já fez compras para um tamanho acima do 42? Baseado na minha experiência de compras com mulheres plus-size, é uma experiência horrível, ofensiva e desmoralizante. Metade das peças fazem o corpo parecer maior, com detalhes como ombreiras, pregas ou franzidos. Tons pastel ou estampas maximalistas e loucas, todas garantido um visual infantil ou que façam você pareça um balão”, ele critica.

Tim não deixou passar nem ao menos seu reality, que na última temporada deu o prêmio à Ashley Nell Tipton, ganhando com a primeira coleção plus-size do programa. Para ele, a vitória foi como um prêmio de consolação para mostrar que os jurados estavam cientes da necessidade de representatividade, mesmo que as roupas criadas pela designer não fossem bonitas.

O essencial agora, é saber que Tim tem razão em tudo que disse: é necessário roupas que sirvam a todas, não importando o tamanho ou tipo de corpo da mulher e, que a indústria pare de valorizar apenas uma pequena parcela da população que aparece a cada seis meses na passarela. Vamos produzir roupas para pessoas de verdade!

Veja a entrevista na íntegra aqui.

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